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‘Ave-fantasma’ avistada em Maringá intriga moradores com seu ‘poder de camuflagem’; conheça

O urutau, também conhecido ave-fantasma, desperta curiosidade e mistério sempre que é avistado em Maringá. Com aparência que se confunde com a de um galho seco e comportamento discreto, o pássaro é frequentemente confundido com um pedaço de madeira, por exemplo. Em entrevista ao Portal GMC Online, o professor e biólogo da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Cláudio Zawadzki, explicou as peculiaridades dessa ave noturna e desmistificou algumas das lendas que a cercam.

Uma ave nativa e mestre da camuflagem

Segundo Zawadzki, o urutau é uma espécie nativa e amplamente distribuída por todo o Brasil, inclusive na região de Maringá e no Paraná. “É uma ave noturna, que se alimenta basicamente de insetos, como mariposas, besouros e larvas que vivem em troncos em decomposição”, afirma o biólogo.

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Foto: Eurogarden | Reprodução

Durante o dia, o urutau se torna praticamente invisível. Fica imóvel sobre troncos ou galhos secos, com o corpo estendido e a cabeça erguida, imitando a continuidade do galho. “A plumagem acinzentada e manchada permite que ele se confunda perfeitamente com o ambiente. É uma camuflagem tão eficaz que muitas vezes passa despercebido até por quem está bem próximo”, explica o professor.

A “janela mágica” e o comportamento silencioso

Uma das características mais fascinantes do urutau é a chamada “janela mágica”, pequenos recortes na pálpebra superior que permitem à ave enxergar mesmo de olhos fechados. “Ele fecha o olho para não chamar atenção, mas continua observando o ambiente. É uma adaptação exclusiva entre as aves conhecidas”, detalha Zawadzki.

O biólogo conta que o urutau raramente voa durante o dia e confia totalmente em sua camuflagem para se proteger. “Quando alguém se aproxima, ele se mantém imóvel, ergue lentamente a cabeça e encosta a cauda no tronco, parecendo uma continuação do galho. Só em situações de risco real ele emite um grito e levanta voo”, afirma.

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Mitos e lendas

Além da aparência singular, o urutau é envolto em crenças populares. Seu canto melancólico, que muitos descrevem como um lamento triste, inspirou lendas e superstições em várias regiões do país. “Há quem diga que o canto do urutau anuncia má sorte ou a morte, mas isso é apenas folclore. Ele é inofensivo e tem um papel ecológico importante, controlando populações de insetos”, explica o professor.

Zawadzki lembra que histórias como essas eram comuns no interior do Brasil, usadas para assustar crianças e afastá-las da mata à noite. “Assim como as corujas, o urutau acabou sendo injustamente associado a maus presságios, mas é uma ave belíssima e totalmente pacífica.”

Embora muitos não percebam, o urutau é relativamente comum em Maringá, sendo encontrado em áreas com vegetação e até dentro do campus da UEM. “Quem tem olhos pra ver, vê; quem tem ouvidos pra ouvir, ouve”, brinca Zawadzki. “Ele está ali, quietinho, observando o mundo disfarçado de galho.”

imageVIA GMC-ONLINE