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Menina relata perseguição antes de colisão que matou a mãe; Polícia trata caso como homicídio doloso

A menina de 12 anos que ficou gravemente ferida no atropelamento que matou a motociclista Kelly Ferreira dos Reis, de 40 anos, na BR-376, revelou detalhes que reforçam a tese de crime intencional. Segundo a avó, após sair da UTI, a criança contou que o motorista Anderson Barbosa Gomes perseguia a moto em que ela estava com a mãe, acelerando atrás delas e acionando repetidamente o farol alto. Assustada, ela relatou que fechou os olhos e começou a orar.

A avó — mãe de Kelly — procurou o repórter Victor Hugo para fazer um apelo emocionado por justiça e pela prisão do suspeito, que continua foragido. ENTREVISTA ABAIXO

A Polícia Civil de Maringá já havia atualizado, nesta sexta-feira (5), a classificação do caso para crime doloso, quando há intenção de matar. De acordo com o delegado Francisco Caricati, novas testemunhas ouvidas ao longo da semana confirmaram que o motorista do Renault Kwid provocou a colisão de forma deliberada.

Uma das testemunhas afirmou ter visto o exato momento da batida e garantiu que o condutor não fez qualquer tentativa de frear antes de atingir a moto, arrastando mãe e filha por vários metros. O impacto foi tão violento que o Kwid capotou em seguida.

“Não houve acidente de trânsito. Houve um crime intencional. Ele teve dolo direto de causar a morte. Com base nisso, estamos representando pela prisão preventiva dele”, declarou o delegado. Anderson Barbosa Gomes, de 38 anos, está foragido desde o dia da ocorrência.

Outro depoimento, colhido após o surgimento de reportagens sobre o caso, reforça a tese de perseguição. Um motorista que seguia sentido Iguatemi–Maringá relatou ao repórter Eduardo Leandro que viu a moto de Kelly passando rapidamente pelo acostamento, seguida de muito perto por um Renault Kwid que também avançava pelo acostamento. Instantes depois, ele presenciou o carro capotando, mas, temendo envolvimento em um possível crime, não permaneceu no local. Após reconhecer o caso na mídia, procurou a Delegacia de Trânsito para formalizar o depoimento.

A fuga do suspeito também chamou atenção das autoridades. Por volta das 11h15 de segunda-feira (2), equipes da RPA encontraram uma VW Saveiro abandonada em Mandaguaçu, ainda com a chave na ignição. Testemunhas disseram que o motorista deixou o local durante a madrugada. A caminhonete havia sido roubada poucos minutos após o atropelamento — segundo investigações, Anderson teria rendido o proprietário do veículo ao ver pessoas se aproximando para socorrer as vítimas, fugindo em seguida com a Saveiro.

O Renault Kwid envolvido na colisão está registrado em nome de um morador de Sarandi, que relatou ao Plantão Maringá ter alugado o veículo para Anderson, agora procurado como autor do homicídio.

Kelly Ferreira dos Reis, integrante do grupo de motociclistas Lokas MC e servidora das Águas de Sarandi, seguia com a filha para casa quando foi atingida. Ela sofreu ferimentos graves, entrou em parada cardiorrespiratória e morreu no local, apesar dos esforços do Samu, do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar. Ela deixa dois filhos.

A filha, de 12 anos, sofreu fratura de fêmur, trauma abdominal e várias lesões. Consciente, ainda chamava pela mãe no momento do atendimento. Após dias internada em estado gravíssimo no Hospital Bom Samaritano, apresentou melhora e saiu da UTI, permanecendo em observação.

A Polícia Civil segue realizando diligências para localizar Anderson Barbosa Gomes e reforça que qualquer informação sobre o paradeiro do suspeito pode ser repassada anonimamente pelos telefones 190 e 181.