O Ministério Público do Paraná (MPPR) apresentou denúncia contra o repórter Carlos André Almenara da Silva, acusado de integrar e colaborar ativamente com a organização criminosa de Maringá.
Segundo o documento oficial, Almenara teria utilizado sua posição de comunicador para vazar informações sigilosas, instigar crimes violentos e auxiliar a estrutura criminosa a frustrar ações policiais.
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A denúncia, oferecida após investigação da Divisão Estadual de Narcóticos (Denarc), descreve que a atuação do repórter não se limitava a simples repasses eventuais: ele teria exercido uma função estratégica e contínua, agindo como um “braço de inteligência”.
De acordo com o Ministério Público, Almenara antecipava informações de operações, informando a localização de viaturas e repassando dados restritos ao líder da organização. As mensagens analisadas pela polícia apontam que, em troca, o repórter recebia acesso exclusivo a informações que lhe garantiam vantagem profissional, chegando a ser tratado internamente como o “repórter oficial” do grupo.
Um dos episódios citados ocorreu durante a Operação Triplo X, em 2022. Almenara teria informado previamente sobre a mobilização policial, permitindo que integrantes da organização se escondessem.
O MP aponta ainda que o repórter demonstrava sentimento de pertencimento à organização criminosa e participava da chamada “lei paralela” imposta pelo grupo. Em diálogos identificados pela investigação, ele incentiva agressões, instiga execuções e chega a compartilhar endereços e localizações de pessoas que deveriam ser agredidas ou mortas.
Em uma conversa citada na denúncia, ao comentar um suspeito de crime sexual, Almenara teria afirmado: “O certo era matar ele agora”. Em outra, após um furto, ele teria pedido para participar de um linchamento organizado pela facção.
A denúncia afirma também que Almenara atuava para proteger o tráfico de drogas mantido pela organização. Quando o grupo suspeitou que uma viatura descaracterizada monitorava um ponto de venda de entorpecentes, o repórter teria se prontificado a verificar a situação. Em outro episódio, após ter contato com um caderno de contabilidade do tráfico apreendido pela polícia, alertou o líder da organização sobre nomes que constavam no material.Segundo o Ministério Público, esses atos demonstram que o repórter tinha papel ativo na manutenção da estrutura criminosa e ajudava a evitar prisões e apreensões.
O MP decidiu não oferecer Acordo de Não Persecução Penal ao réu. O órgão argumenta que:
A, pena mínima combinada aos crimes imputados é superior a quatro anos,
B, não houve confissão,
C, principalmente, que o acordo seria insuficiente diante da gravidade e periculosidade social atribuídas à conduta do denunciado.
A Promotoria também determinou que o processo envolvendo Almenara seja separado de outras investigações, afirmando que sua participação possui núcleo probatório próprio, baseado nas trocas de mensagens e na função que exercia dentro da estrutura criminosa.
Encaminhamentos
O Ministério Público solicitou que a denúncia seja recebida pela Justiça e determinou o envio de partes do inquérito a outras autoridades para apurações complementares, inclusive referentes a supostos indícios de instigação de tentativa de homicídio.

